terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Dizer o quê?
Dizer pra quem?
Como dizer o que não se quer?

Meus ecos começam a ficar abafados
Minhas palavras voltam com uma certa dificuldade
E as vezes, eu mal ouço o que eu disse pra mim mesmo
Apenas contemplo o murmúrio que eu recebo em troca
De todas aquelas palavras que eu medi
Meticulosamente
Pra te dizer

Todas as coisas que encostam ou que ao menos se aproximam do meu coração
Tocam com com uma profundidade tamanha que eu mal consigo lembrar o que eu fazia
Quando todas as coisas do mundo resolveram se jogar encima de mim

Talvez seja a falta de graça nas piadas
Talvez seja a falta de vírgulas
A falta de pontos e pontuação
A falta de acentos
E assentos

E por mais que eu não goste de admitir, mas admito
Eu sou um pleonasmo
Vicioso
Viciado
Vivo sentindo as mesmas coisas
Talvez por falta de opção
Ou por falta de comoção
Ou emoção

A diferença é que eu busco um novo sentido pra elas
Ou um novo significado
Mas tudo não passa de enganação
Que eu estipulei a mim mesmo
Como meta de fim de ano

E daí, as vezes eu ouço um eco
Mas eu percebo que não é a minha voz

E então, eu passo toda a minha vida quieto
Esperando ouvir o eco de novo

Claro que eu não ouço
Então eu solto uns murmúrios novamente
Falo umas abobrinhas
Recito poemas de autores desconhecidos

Só pra ver como é que ficam na minha voz
Aquela voz baixa
Introspectiva
Que fala mais comigo
Do que com você

Então
Lá estava eu outra vez
Trancado no quarto
Gritando pra parede
Mas gritando de um jeito que só eu podia ouvir
E você estava parada na porta
E eu gritava pra você entrar

Mas quem disse que você me ouviu
Ou quem disse que você quis me ouvir?

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