Sem internet

Descobri da pior maneira possível um vício que, pela primeira vez não apresenta nenhum ponto "imparcial".

Aliás, a "droga" em questão faz muito bem pra sociedade atualmente mas, até que ponto isso não se torna auto-depreciativo?

Eu senti que tinha a necessidade de me comunicar massivamente aos 13 anos, quando meu irmão me prometeu que me faria um ICQ, e fez.
Comecei adicionando meus amigos... depois, ia em "busca" e listava o pessoal da cidade de Paulínia (que era onde eu morava) e isso foi virando um ciclo vicioso.
Na época, me lembro, ainda era true entrar no chat da UOL para poder fazer amizades.

A coisa foi complicando, eu namorava e pegava o ICQ da menina e passava rios de horas na internet.
Era o tempo de internet discada, então, cada minuto que eu ficava online, minah mãe pagava a mais na conta telefônica.

Realiza, nós nunca fomos ricos, em casa o dinheiro sempre foi medido, pra ter alguma coisa, tinha de sacrificar outra. Eu queria muito ficar na internet, mas também queria dinheiro pra ir pra quermesse, comer um lanche com meus amigos, comprar alguma coisa legal no shopping, um presente pra alguém.

Descobri que a internet ficava ainda mais divertida quando o assunto era pornografia digital. Eu me perguntava "Oras, porque gastar R$12 numa Playboy, se tem de graça na internet?"
Eu era adolescente, tinha lá já meus 15 anos (o tempo passa, fikdik) e meus hormônios estavam a flor-da-pele.

PS: Quando o menino tem entre 14 e 17 anos, é sabido que é a época de maior produção de testosterona, por conta das mudanças mais "drásticas" de visual e comportamento, logo, com mais testosterona, mais tesão, mais vontade de fazer sexo alucinadamente sem parar. Como diria o meu amigo motoboy Jackson Five, "vou levantar um dilema agora": quando eu tinha entre 14 e 17 anos e tentava arrumar garotas para saciar minha vontade, a única coisa que eu obtinha como resposta era "SE TOCA MULEQUE!", só agora com 21 é que eu realmente sei quem as meninas entre 14 e 17 preferem, mas isso é discussão antiga, porém não adianta fugir: isso é uma REALIDADE!

15 anos, eu juro que eu queria não passar tanto tempo na frente do computador vendo mulher pelada, mas as que eu tentava pessoalmente não estavam interessadas nem um pouco na minha "inexperiencia sexual". FATO!

Com isso, fui passando mais tempo no ICQ e Chats.

Fiz um blog onde eu postava apenas fatos cotidianos e piadas sem graça (de propósito, tipo aquela do papagaio...). Claro que a gente nunca espera nada das coisas que acontecem e, se espera, ela não tem graça nenhuma.
Com dois meses de blog, eu descobri por acaso que ele era o terceiro mais visitado do BRASIL... juro! O primeiro colocado foi pro Jô Soares (que é o atual dono do site Tô Sem Banda e o blog dele era justamente esse: tosembanda.qqercoisa). O outro era uns textos depressivos-reflexivos de uma moça de 22 anos na época que morava sozinha em algum lugar de São Paulo.

Agora, olha que legal: eu tinha um blog sensação (e só tinha quinze anos), tinha muitos amigos no ICQ, eu tinha até aqueles programas estranhos pra entrar em Chat e ser uma pessoa mais "descolada". Só me faltava uma coisa: uma banda...

Quando montei o Garrafa Plástica, eu comecei a usar a internet para convocar o pessoalzinho a frequentar nossos shows.

Talvez, essa foi a época que eu mais consegui me desligar da internet, vai ver eu estava tão feliz com a banda, que ia de bom a melhor, que eu nem ligava muito pra internet. Colocava umas fotos no meu blog (que por conta disso perdeu DRÁSTICAMENTE o público que tinha) e só.

Voltei a ficar extremamente viciado na internet quando eu descobri algo que mudou PRA SEMPRE a minha vida: o NAPSTER!

Passei a baixar muitas musicas e descobrir programas diferentes para baixá-los, tipo Morpheus, Kazaa, eMule, SoulSeek, Shareaza...

Eu estava viciado em um novo meio de vida: musicas e clipes...

Confesso que até então eu era um músico qualquer, tocava apenas pra parecer legal. Foi nessa época que eu falei "Quero ser um Rockstar! RERERE!"

Você pode ver o quão longe cheguei lendo o blog (onde até o momento apenas uma pessoa o lê <3).

A banda acabou não dando certo e eu cai na droga da internet de novo.

Você acredita que eu sou tão viciado em internet que eu ligo pra telefônica TODO DIA pra brigar com eles porque minha internet (que deixou de ser discada há muitos anos) parou de funcionar?

Poxa, pensando agora, me sinto tão mal por ter xingado metade dos funcionários do Call Center da Telefônica que nada tem a ver com meu problema.
To me sentindo aquelas pessoas que roubam a própria casa pra vender e comprar cocaína e heroína.


Para os curiosos, o meu "falido blog-bem-sucedido" também se chamava bieldomal =) por isso esse meu blog atual tem esse nome ;)

bjs